Bebês que consumiram fórmula à base de soja quando recém-nascidos apresentaram diferenças em algumas células e tecidos do sistema reprodutivo.
Os pesquisadores dizem que as diferenças, medidas nos meses após o nascimento, foram sutis e não causaram alarme, mas refletem a necessidade de investigar os efeitos de longo prazo da exposição a compostos semelhantes ao estrogênio encontrados nas fórmulas à base de soja.
A fórmula de soja contém altas concentrações de compostos semelhantes ao estrogênio à base de plantas e como essa fórmula é a única fonte de alimento para muitos bebês nos primeiros seis meses de vida é importante entender os efeitos da exposição a tais compostos durante um período crítico em desenvolvimento.
O estudo foi financiado e liderado pelo Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental (NIEHS), parte do National Institutes of Health. A fórmula a base de soja tem sido usada com segurança por décadas. No entanto, nosso estudo observacional encontrou efeitos sutis em tecidos responsivos ao estrogênio em bebês alimentados com soja e não sabemos se essas diferenças estão associadas a efeitos de saúde a longo prazo.
Algumas mães que não amamentam há muito usam a fórmula à base de soja, geralmente devido a preocupações com alergias ao leite ou outras dificuldades de alimentação.
No entanto, a proteína de soja contém grandes quantidades de genisteína, um composto semelhante ao estrogênio. Como outras substâncias químicas que imitam o estrogênio encontradas no ambiente, a genisteína pode alterar o sistema endócrino do corpo e potencialmente interferir no desenvolvimento hormonal normal.
Em estudos de laboratório, a genisteína causa desenvolvimento e função reprodutiva anormais em roedores, mas anteriormente pouco se sabia sobre os seus efeitos em crianças.
O presente estudo investigou o desenvolvimento pós-natal de tecidos responsivos ao estrogênio, juntamente com os níveis de hormônios específicos, de acordo com as práticas de alimentação infantil.
Os pesquisadores compararam particularmente bebês alimentados com fórmula de soja e àqueles alimentados com fórmula de leite de vaca.
Dos 410 pares de mães e bebês inscritos, 283 pares completaram o estudo. Destes, 102 bebês alimentados exclusivamente com fórmula de soja, 111 com fórmula de leite de vaca e 70 com leite materno. Este foi um estudo observacional e não um ensaio randomizado. Aproximadamente metade dos bebês eram meninas. Eles nasceram em oito hospitais da área da Filadélfia entre 2010 e 2013 e se inscreveram no Estudo de Alimentação Infantil e Desenvolvimento Precoce.
Os pesquisadores realizaram medições repetidamente até a idade de 28 semanas nos meninos e de 36 semanas nas meninas. A equipe do estudo avaliou três conjuntos de resultados: um índice maturacional (IM) baseado em células epiteliais do tecido urogenital das crianças; medidas de ultrassom do volume uterino, ovariano e testicular, bem como dos botões mamários e concentrações hormonais observadas em exames de sangue.
As principais diferenças que encontramos relacionadas às diferentes preferências alimentares estavam entre as meninas.
Em comparação com as meninas alimentadas com fórmula de leite de vaca, aquelas alimentadas com fórmula de soja tiveram trajetórias de desenvolvimento consistentes com as respostas à exposição ao estrogênio.
O IM de células vaginais foi maior e o volume uterino diminuiu mais lentamente em meninas alimentadas com soja, os quais sugerem respostas semelhantes ao estrogênio. A equipe do estudo encontrou padrões semelhantes nas diferenças entre meninas alimentadas com soja e meninas amamentadas.
Para as mães novas e grávidas que decidem como alimentar seus bebês, como sempre, apoiamos fortemente a amamentação, conforme recomendado pela Academia Americana de Pediatria. Para mães que preferem dar fórmula, não se recomenda fórmula a base de soja para bebês lactentes, existem outras opções mais saudáveis no mercado.
Dr. Carlos Roberto Medeiros Lopes 21 de maio de 2021
CRM 65510
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