O bisfenol F químico (encontrado nos plásticos) pode induzir alterações em um gene vital para o desenvolvimento neurológico.
A descoberta foi feita por pesquisadores das universidades de Uppsala e Karlstad, na Suécia.
O mecanismo poderia explicar por que a exposição a esse produto químico durante a fase fetal pode estar associada a um QI mais baixo aos sete anos de idade uma associação vista anteriormente pelo mesmo grupo de pesquisa. O estudo está publicado na revista científica Environment International.
Mostramos anteriormente que o bisfenol F (abreviatura de BPF) pode estar conectado com o desenvolvimento cognitivo das crianças.
Fatores externos podem causar mudanças na atividade do gene por meio de um mecanismo “epigenético”. Isso significa que genes individuais são modificados por meio de “metilação”. O aumento da metilação em um segmento de DNA torna mais difícil para a maquinaria celular ler essa parte específica. Como resultado, a expressão de genes metilados costuma ser prejudicada.
Os cientistas mediram os níveis de BPF na urina de mulheres grávidas no primeiro trimestre e subsequentemente monitoraram seus filhos após o nascimento. A metilação do DNA foi medida nas crianças aos sete anos, e sua capacidade cognitiva foi investigada. Uma vez que o feto entra em contato com o sangue da mãe através da placenta, ele também é exposto a substâncias no corpo da mãe.
As análises demonstraram que em fetos expostos a níveis mais elevados de BPF, a metilação aumenta em uma parte específica do gene GRIN2B, que tem um papel neurológico fundamental. Além disso, maior metilação foi associada a menor QI nas crianças. No entanto, o estudo também descobriu que parece haver uma diferença de sexo na suscetibilidade dessas crianças ao BPF. A ligação epigenética entre BPF e cognição foi observada apenas em meninos.
O fato de termos sido capazes de identificar a metilação do DNA como um mecanismo potencial por trás do efeito do BPF no QI acrescenta uma importante evidência no trabalho para entender como os produtos químicos ambientais nos afetam em nível molecular.
No estudo anterior do grupo de pesquisa, eles viram que 25% das crianças de sete anos que, durante a 10ª semana de gravidez, foram expostas aos níveis maternos mais altos de bisfenol F tiveram um declínio de 2 pontos no QI de escala total em comparação com os 25% das crianças expostas aos níveis mais baixos. Esta é uma pequena diferença imperceptível em uma criança individual, mas, por outro lado, torna-se clara em nível populacional.
Você já deve ter ouvido falar sobre o BPA ou pelo menos já viu alguma embalagem com o selo “BPA-free” (livre de BPA).
O bisfenol A é um produto sintético utilizado em diversos tipos de plásticos, recibos, embalagens de alimentos e outros itens.
Depois de uma variedade estudos que mostrou os seus efeitos prejudiciais aos organismos, principalmente por sua capacidade de desequilibrar o sistema endócrino, seu uso foi regulamentado e o BPA passou a ser proibido em mamadeiras e limitado a determinados níveis em outros materiais.
Com a proibição do BPA as empresas desenvolveram substitutos semelhantes, o BPS e o BPF, também chamados de bisfenol S e bisfenol F.
O BPS é empregado como agente de fixação de lavagem em produtos de limpeza industrial, solvente e melhorador de cor de recibos de papel.
Já o BPF é mais presente em plásticos em geral, revestimentos epóxi, pisos industriais, adesivos, plásticos, canos de água, selantes dentários e embalagens de alimentos, portanto muito cuidado em não usar nada com esses tipos de bisfenóis presente em plásticos que envolvem alimentos, mesmo que esteja escrito
“BPA-free”.
Além desses distúrbios neurais esses tóxicos agem com disruptores endócrinos que são substâncias químicas que interferem no sistema hormonal, alterando a forma natural de comunicação do sistema endócrino e causando uma série de distúrbios e acaba por gerar dezenas de patologias graves e até mesmo câncer.
Dr. Carlos Roberto Medeiros Lopes 21 de maio de 2021
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